
(Re)Viver a
Praça de Carlos Alberto

Urbanismo
A Praça de Carlos Alberto resulta da bifurcação de duas antigas estradas, as quais saíam junto à Porta do Olival das Muralhas Fernandinas, dirigindo-se uma para Braga, a atual Rua de Cedofeita (antiga Rua da Estrada), e outra para Guimarães, a atual Rua das Oliveiras (antiga Viela dos Ferradores).
A Rua de Cedofeita foi buscar o seu nome à Igreja de São Martinho de Cedofeita, que se julga ter sido construída no século VI, em pleno domínio suevo e sobre a qual se terá dito que foi cito facta (que significa cedo feita) e nela destacam-se alguns edifícios importantes, como o nº 395 que albergou D. Pedro durante o Cerco do Porto.
A Praça de Carlos Alberto começa junto da atual Praça de Gomes Teixeira e termina na esquina com a Rua do Ator João Guedes, que antigamente se chamava Travessa de Sá Noronha e, muito antes disso, designou-se Travessa do Moinho de Vento.
Esta zona começou a ser urbanizada em meados do século XVII, mais precisamente em 1651, quando foi fundado o Colégio dos Meninos Orfãos pelo padre Baltasar Guedes, onde atualmente se encontra a Reitoria da Universidade do Porto. Como o colégio necessitava de meios de subsistência, o padre Baltasar pensou ter encontrado a melhor solução, solicitando a autorização da Câmara para a construção de casas nos terrenos junto ao Colégio, obtendo assim lucro do aluguer das moradias, o qual seria utilizado para o pagamento das despesas da instituição. E foi assim que começou a construir-se e a desenvolver-se o Bairro dos Ferradores.
"Y se iso assi en aquel Campo y montañuela de la Cançela de la Vieja, cerca del Calvario de la Via Sagrada de tras de los arcos sobre que viene el agoa de Paraños, y se dispuso de suerte que se aumentò el Bairro de los Herradores con Calles y Cassas que redeteram al Collegio màs de Dusientos y cinquenta Ducados en cada año..."
Frei Manuel Pereira de Novais


À volta da Praça de Carlos Alberto, para além de diversas habitações rústicas, começaram a ser também construídas quintas:
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a "Quinta das Virtudes", a qual, em meados do século XVIII, pertencia à viúva e aos filhos de José Pinto de Meireles
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as três quintas de "Vilar", pertencentes, cada uma, a Vicente Pedrossen, a Manuel Francisco Guimarães e a Nicolau Kopke
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a "Quinta do Bom Sucesso" que pertencia a António de Sá Lopes
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a "Quinta da Fonte" pertencente aos filhos de Domingos José Nogueira
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a "Quinta dos Carvalhos" ou "Quinta dos Bragas" dos irmãos José e António Ribeiro Braga
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a "Quinta de Santo Ovídio" de Manuel de Figueiroa
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a "Quinta do Pinheiro" que pertencia a João António Monteiro e Azevedo
entre outras.
Em 1761 foi criado um projeto de modernização da zona norte da cidade, o qual deu origem a um novo eixo de ligação à antiga estrada de Braga (Rua de Cedofeita), que hoje eterniza a memória de D. João de Almada e Melo, primo do Marquês de Pombal, antigo governador do Porto e o grande responsável pela expansão urbana da cidade, no século XVIII, a Rua do Almada, antiga Rua das Hortas e a primeira grande rua a ser aberta fora das Muralhas Fernandinas, onde nasceu a tradição do moço de recados. Era uma importante rua mercantil, ligada ao comércio de ferro, onde nos séculos XVIII e XIX viveu a burguesia do Porto.
Curiosidade: Foi na Rua do Almada que o famoso escritor Camilo Castelo Branco viu Ana Plácido pela primeira vez.
